28 julho 2022

Assim sendo

 





Sinos delicados a tinir caricias

Palpitar, palpitar, palpitar

Os sonidos do ansioso coração

Estrépito da respiração

Lábios não tocados

 À flor d'água de papilas

Garganta em ardência  

Sufocar, afogar e vagar

 

Medo por querer mais  

Temor do desejar demais

Lembranças que arquejam

Espasmódica fico quando me vislumbra

Rastejo para longe o decoro

Transpiro luxúria em loucuras marítimas  

 

Em sonhos amantes? Ao seu lado mártir!

Sangue dei Martiri

Deipnon evoca a portadora

É nas sombras o meu bailado

Essa a companhia de sempre

Recuso-a por ti

Incerteza fazem-me recuar

 

Corro léguas ao amanhecer

Disparo e rogo à velocidade

 Apague, apague, apague

Mergulho nas profundezas

Gravada oxitocina

Não, não foi frio o que senti.

Quando eu emergir, é seu abraço

Almejo-o com todas minhas lágrimas 







30 janeiro 2022



 Eu venderia minha alma ao Diabo, se eu pudesse reescrever esse resultado abominável da qual sou formada.

Presa na lama junto ao sangue amaldiçoado.

Tenho nojo dessa carcaça ao qual sou corporificada.

Odeio ter nascido na miséria.

Tal como um pântano fétido, quanto mais move-se mais afundo nesse lodo

Como posso me lavar se a água é o próprio chorume?

Odeio cada detalhe da minha existência.

Eu só queria quitar e sumir.

Como é difícil manter a minha sanidade. 

Eles que carregam esse sangue tão maldito quanto o meu 

Ao ouvirem a minha voz berram:

- Louca! Você sabe, ela tem distúrbios. Não liga, ela é louca.

Crápulas.

Sou o saco de excremento de décadas das violências que me fizeram passar. 


Só a morte irá me calar. 





  

12 janeiro 2022

Ao que sinto


 Sonetos cantam cantigas de ninar para acalmar meus pensamentos

Não compreendo e não me tomas por mal

Algo correi-me no compasso da harmonia

A minha sorte está escrita

Peço-lhes,ouça a melodia!

Há ritmos

À afeição declaro cadência no pulsar do cardíaco

Não me tomas por mal entendido

Invento sobre teus sentidos.

Reverbera-me o toque ainda não concedido

 

As entrelinhas lhes sussurram aos ouvidos

Caibo em tua vida? Sabes acolher uma alma perdida?

Não, se enganas! Assombrar teus sonhos é incompatível aos meus talentos.

Sou a cantar em tormentos

Será que me am...

Amargura o discernimento, rodopeia doces ilusões autoinjetadas

Cadência

Pela estrela caída,regozijo fazer parte de teus caprichos

 

Tu ainda não sabes

Porém os sons e feições me traem

O palpitar do coração e o corar das bochechas

Cedem-me a ti em bandeija prateada

Sorrisos bobos e frases entaladas

Será que me des...

 Desatinada do juízo estou

Decadência ao que sinto

O quê sinto?

Será que recip...

Recipiente, onde fora colocado o sentir inacabado.


11 janeiro 2022

Não


A vida me foi tomada cedo demais. Meus sentimentos são viscerais, rasgam-me por dentro. 
Soube cedo por demais do custo de sorrisos e risadas. Os gritos acordaram-me à noite e ainda há o escuro da dor. Estão entalados na goela e sufocam no sono profundo. Minhas lágrimas não me afogam, contudo, meus pulmões buscam respirar em meio a salinidade. Meus lábios são puro desgosto e fel. 
O ódio e revolta bombeiam oxigenação, através, sei vivo. Rogo aos Pilares do Caos, levem-me, levem-me, levem-me. Deem cabo dessa existência antes que eu mesma o faça.

Isso não pode ser nomeado viver. Tomo como maldição. Libertem-me, eu imploro por alívio.

Não aguento mais o pulsar do coração.

Devolvo essa alma e desejo ser espuma ao pular nos braços de Oceano. Isso não é viver.

Me falaram, você é tão segura, tão forte, tão determinada.

Como pode se sentir assim? Não a que conheço.

Sabe, sou uma fabulosa escultora de máscaras revestidas de escamas de camaleão.

Nunca me senti segura no abraçar, no tocar e no amar.

Mal acredito em conexões e clamo por viver sozinha com meus demônios até o dia da ceifadora.

Hera revelou sobre a persistência ser o meu aprendizado.

Meu jardim produz heras do qual aro pelas unhas gravas no pedregoso da terra.

Minha ira transcende eras. Os mortos sussurram e marcam por vingança.

É para isso que vivo? Sou o bode expiatório de outrora? A culpa do sepulcro deles é toda mim?

Se é apenas para tal. Engulam-me, devoram-me, peguem de volta em meio a miséria que sou.

Andem rápido! Sinto a umidade e o mofo tomando forma, pois putrefaço dentro dessas paredes.

20 junho 2021

Aquela que viaja.

 






O campo está verde e vasto, pois o vento rodopia como bailarina entre as colinas. A vista alcança o horizonte e os pensamentos borbulham ao transbordar tanta inquietude. Ao teu ver...Apenas um momento, ao meu? Sim, lance adiante teu olhar e contemple a relva serena, a brisa suave e a maresia. Consigo ouvir o chamado pela tranquilidade que salta aos teus olhos. Calma, parada e distante, contudo à frente está a plenitude dos campos. Cujo silêncio desperta-lhe inveja. Perceba que teus pés descalços tocam a terra molhada, todavia estamos na estação árida. O que se passa? Creio eu, as lágrimas embelezaram e inundaram o caminho. Umidade salina e o mar não foi o causador. Entendo, porém a dor silenciosa passa longe da tristeza da qual toma forma a garganta seca. Afinal, por que choras? É revolta dissimulada e gritos sem plateia.  Urro mais alto para a lua minguante. Aos teus ouvintes, és inaudível. Volte teu olhar para os campos, a calmaria fora encontra-se. Há calmaria?  

Respiração profunda 1, 2,3... Inspira e Expira. Coloco-me a caminhar com o objetivo de alcançar o limiar. Atravesso o descampado e minha face sente, com poros arrepiados, a aproximação da tempestade. Neste instante? Mas o clima era de estiagem? Respiração profunda 1, 2,3... Inspira e Expira. Nulo de intempéries, mas o vendaval de emoções que me assola. Como dói discernir entre o real e o imaginário. Abismada estou, se percorro todo o trajeto encontro o despenhadeiro. Abismo? Desempenho meu papel de observadora- participante. Auditório, anfiteatro, ágora ou picadeiro? Não tem público e a voz sai sem som, aqui míngua tuas forças. Em histeria você baila, baila e redemoinha como o vento na campina. O campo está verde e vasto, coloca-se a caminhar. Infâmia, estagnada estou. Diga-me como! Eu estava a correr ao longo do prado. Paciência é a virtude da qual você não foi abençoada. Agora falas em virtude, logo a minha que invejo o silêncio do orvalho da relva. Onde estou? Com quem estou? Quem é você?

Delírios, com certeza delírios.

Veja o corpo que repulsa. Aproximando e cada vez mais perto.

Respiração profunda 3,2,1.... Desperto sobressaltada e me percebo entre paredes. Foi apenas um sonho. Abraça os joelhos e soluça baixinho preces ou maldições. Não escuto teus sussurros. Aconselho voltar a dormir.

Então, foi isso que as Moiras planejaram? Dia após dia?

O pranto conforta meu coração, limpa meus canais e permite alívio. Campo, colinas e prados alimentam ilusões dessa alma amargurada. É refúgio o que procuro incansavelmente. Tão para maya esses anseios que desejo à primeira estrela da noite apenas “shhhhhh”. Pouso meu dedo indicador e médio sobre os lábios e levanto meu olhar para a janela. O sol logo irá raiar. Banho matinal e as gotículas geladas deslocam a minha mente. Barulhos de água corrente, a sombra das copas das árvores e as melodias das esperanças que friccionam uma de suas asas na outra. São esperanças ou grilos? Sossegado ambiente e  ideal para meu taciturno humor. O limo deixa as rochas lisas e dificulta a escalada na encosta do vale. Silfos brincam com meus cabelos e minhas gargalhadas ecoam pelo desfiladeiro. Aqui tem cheiro de liberdade. Que grilhões são esses enrolados nos seus tornozelos? Café na mesa e chá acre combinados ao biscoito de sal. Alimente-se e parta para suas obrigações. Poluição sonora e visual enchem sua cabeça de propostas sinistras. Pense bem, pois os trilhos do metrô não são as chaves da sua prisão. As Moiras planejaram. Dia após dia e noite após noite. Deleito-me com a solidão e questiono se a multidão ao redor não sai do feitiço rotineiro.  Meu maior erro é procurar por campos verdes e frondosos. A jaula cimentada de brisa artificial rouba minh'alma para que vida eu tenha. Aquiete sua mente e respire profundamente. Refúgio no irreal e imaterial.  Consegue ouvir o chamado da plenitude! É noite, volto meu olhar aos campos e entoo cantigas de ninar à lua cheia. O estardalhaço externo não cessa. Carrega com orgulho tuas correntes. Sei que não desistirá nesta ou na outra existência. Pertence a si mesma, pequena viajante.


28 agosto 2020

Ânsia





Pling...pling...pling, a doce sinfonia de gotas d'água indo ao encontro da porcelana fria

Atesto minha sanidade, pois penso ter sentido o friccionar do mármore contra meu rosto

Desperto, sozinha nesta núpcia acetinada insossa

A seda percorre as vulnerabilidades expostas

É noite! Reconheço o silêncio do túmulo à meia-luz

No hipnagógico, vejo sua sombra pela espreita

De olhos semicerrados, sou capaz de bocejar teus contornos

És sina, sortilégio ou mal agouro

Aproxime-se, quero implorar, mas sou arrebatada por Hipnos

 Sobressaltada, encharcada e vazia

Sedento por ti, ser que paira meus sonhos

Ou serão pesadelos?

És salino o teu gosto, aveludado teu toque e pressionas minha nuca

Sinto ofegante e sinto extasiante

Acordo, sozinha?

Íntimo, minha respiração pesada e ansiosa

Sussurro por tua presença... e esse néctar  

De joelhos sobre a cama, abraça-me e afaga meus cabelos anelados

Apazigua meu choramingar

És real?

 Pling...pling...pling,nosso suor que goteja no lençol de marfim 

Não sei o que é mais torturante

Sua presença ou sua ausência

Pobre de mim, percebo teu frescor em minha boca

 Cereja de tentação

Desvende-me...

Não, não há necessidade

Pois em teus braços desabrocho com uma flor  

Incubus, não me levas contigo

E aprisiona-me. Oh o ar da sua graça e o almíscar do seu odor

Desintegro-me em poeira e evoco toda noite pundonor

Sinto teus dedos à acariciar meus lábios.  Não há recato ao dedilhar,

É manhã, sei que voltas às sombras

Porém teu corpo, mesmo a distância

Irei alcançar

22 março 2020

O mundo que conquistei


O mundo que conquistei


Tenha compaixão por si mesma,
Digo a mim mesma por volta da hora bruxa ao espelho de obsidiana
Minha mente é distorcida pela lógica racional da realidade material
Obstruída pelos sentimentos conflitantes, devaneios entre ser só e coração rasgado por carência
Tenha compaixão por si mesma, mas a minha mente punitiva exige reparação
Por aquelas horas de procrastinação
Tais horas destinada a não colapsar pela lógica mental
Meu espiritual é da Deusa, limpo, límpido e áureo
Meu carnal quer beijar o inferno no limbo   
Digo a mim mesma, tenha compaixão
As gralhas da laríngeo chamam pelo caixão
Tenho fobia de locais pequeno e abaixo da vala
Porém em meio a tanto desespero, o silêncio do meu túmulo é reconforte
O coração deseja afagos aconchegantes
Rejeito e enxergo qualquer estimulo de ternura como fraqueza
E pela minha franqueza, perambulo à beira do precipício  
  Não tenho compaixão de mim mesma
Só quero me deixar cair...

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