11 janeiro 2022

Não


A vida me foi tomada cedo demais. Meus sentimentos são viscerais, rasgam-me por dentro. 
Soube cedo por demais do custo de sorrisos e risadas. Os gritos acordaram-me à noite e ainda há o escuro da dor. Estão entalados na goela e sufocam no sono profundo. Minhas lágrimas não me afogam, contudo, meus pulmões buscam respirar em meio a salinidade. Meus lábios são puro desgosto e fel. 
O ódio e revolta bombeiam oxigenação, através, sei vivo. Rogo aos Pilares do Caos, levem-me, levem-me, levem-me. Deem cabo dessa existência antes que eu mesma o faça.

Isso não pode ser nomeado viver. Tomo como maldição. Libertem-me, eu imploro por alívio.

Não aguento mais o pulsar do coração.

Devolvo essa alma e desejo ser espuma ao pular nos braços de Oceano. Isso não é viver.

Me falaram, você é tão segura, tão forte, tão determinada.

Como pode se sentir assim? Não a que conheço.

Sabe, sou uma fabulosa escultora de máscaras revestidas de escamas de camaleão.

Nunca me senti segura no abraçar, no tocar e no amar.

Mal acredito em conexões e clamo por viver sozinha com meus demônios até o dia da ceifadora.

Hera revelou sobre a persistência ser o meu aprendizado.

Meu jardim produz heras do qual aro pelas unhas gravas no pedregoso da terra.

Minha ira transcende eras. Os mortos sussurram e marcam por vingança.

É para isso que vivo? Sou o bode expiatório de outrora? A culpa do sepulcro deles é toda mim?

Se é apenas para tal. Engulam-me, devoram-me, peguem de volta em meio a miséria que sou.

Andem rápido! Sinto a umidade e o mofo tomando forma, pois putrefaço dentro dessas paredes.

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