28 agosto 2020

Ânsia





Pling...pling...pling, a doce sinfonia de gotas d'água indo ao encontro da porcelana fria

Atesto minha sanidade, pois penso ter sentido o friccionar do mármore contra meu rosto

Desperto, sozinha nesta núpcia acetinada insossa

A seda percorre as vulnerabilidades expostas

É noite! Reconheço o silêncio do túmulo à meia-luz

No hipnagógico, vejo sua sombra pela espreita

De olhos semicerrados, sou capaz de bocejar teus contornos

És sina, sortilégio ou mal agouro

Aproxime-se, quero implorar, mas sou arrebatada por Hipnos

 Sobressaltada, encharcada e vazia

Sedento por ti, ser que paira meus sonhos

Ou serão pesadelos?

És salino o teu gosto, aveludado teu toque e pressionas minha nuca

Sinto ofegante e sinto extasiante

Acordo, sozinha?

Íntimo, minha respiração pesada e ansiosa

Sussurro por tua presença... e esse néctar  

De joelhos sobre a cama, abraça-me e afaga meus cabelos anelados

Apazigua meu choramingar

És real?

 Pling...pling...pling,nosso suor que goteja no lençol de marfim 

Não sei o que é mais torturante

Sua presença ou sua ausência

Pobre de mim, percebo teu frescor em minha boca

 Cereja de tentação

Desvende-me...

Não, não há necessidade

Pois em teus braços desabrocho com uma flor  

Incubus, não me levas contigo

E aprisiona-me. Oh o ar da sua graça e o almíscar do seu odor

Desintegro-me em poeira e evoco toda noite pundonor

Sinto teus dedos à acariciar meus lábios.  Não há recato ao dedilhar,

É manhã, sei que voltas às sombras

Porém teu corpo, mesmo a distância

Irei alcançar

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