30 janeiro 2022



 Eu venderia minha alma ao Diabo, se eu pudesse reescrever esse resultado abominável da qual sou formada.

Presa na lama junto ao sangue amaldiçoado.

Tenho nojo dessa carcaça ao qual sou corporificada.

Odeio ter nascido na miséria.

Tal como um pântano fétido, quanto mais move-se mais afundo nesse lodo

Como posso me lavar se a água é o próprio chorume?

Odeio cada detalhe da minha existência.

Eu só queria quitar e sumir.

Como é difícil manter a minha sanidade. 

Eles que carregam esse sangue tão maldito quanto o meu 

Ao ouvirem a minha voz berram:

- Louca! Você sabe, ela tem distúrbios. Não liga, ela é louca.

Crápulas.

Sou o saco de excremento de décadas das violências que me fizeram passar. 


Só a morte irá me calar. 





  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

script type="text/javascript"> $(document).ready(function() { $('#subir').click(function(){ $('html, body').animate({scrollTop:0}, 'slow'); return false; }); });